Por quê docinho de priprioca?

A priprioca é apreciada tanto pelas propriedades medicinais, como pelo seu aroma picante. Doce, ao mesmo tempo que é bom, saboroso e apetece, é uma gíria irônica para descrever algo ruim que ocorreu. O diminutivo fica por conta do sarcasmo.

Particularmente falando, uso a expressão quando me vejo numa situação filha da mãe que dá vontade de xingar, perder o controle e até mesmo espatifar alguém. Nesses casos refiro-me a ocasião definido-a como docinho de priprioca.

Já que esse espaço é voltado para histórias de fortes emoções e tendem a serem narradas com sutis doses de ironia ou sacarmos, achei o nome bem apropriado. Por isso deixo abaixo a história da origem da planta e o porquê do nome. Um breve conto de paixões não correspondidas e poderes místicos.

Piripirioka Iypyrungaua, a origem da priprioca.

Segundo lenda colhida em língua tupi por Brandão de Amorim e citada por Luís da Câmara Cascudo (Dicionário do folclore brasileiro), os índios manaus possuem uma explicação para a sua origem.

Piripiri era um ente misterioso, cujo corpo exalava um perfume misterioso e inebriante que atraía as donzelas da aldeia. Vivia perseguido por elas que sempre tentavam aprisioná-lo. Quando se via preso, transformava-se em uma nuvem de fumaça e escapava.

Um dia, as mulheres perguntaram ao jovem pajé Supi o que fazer. Ele aconselhou-as a utilizar fios de cabelo para amarrar os pés de Piripiri. Assim elas fizeram naquela mesma noite, enquanto o jovem estava adormecido. Depois de prendê-lo, adormeceram ao seu lado.

Piripiri novamente transformou-se em fumaça e fugiu, desta vez para sempre. No lugar onde estava o seu corpo, as mulheres encontraram uma raiz perfumada.

O pajé Supi ensinou-as a usar aquele cheiro que entontecia o coração dos homens. E contou-lhes que Piripiri tinha subido aos céus e se transformado na constelação de Arapari, as Três Marias da constelação de Órion. A planta ganhou o seu nome. É a sua casa. Piripiri-oca, priprioca, “a casa de Piripiri”.